terça-feira, 19 de abril de 2011

O QUE AS ÚLTIMAS DÉCADAS NOS ENSINARAM E O QUE ESPERAR DESTA NOVA DÉCADA?



David Botelho*

Estamos apresentando uma pequena reflexão sobre o que o Senhor tem feito nas últimas décadas, isto como fruto do trabalho missionário no mundo. Esperamos que isto possa o encorajar e se comprometer com a obra missionária entre os povos não alcançados.

ANOS 60 – A DÉCADA AFRICANA – As colônias foram libertas e, em consequência, guerras, fome, corrupção e desastres diversos dominaram aquele continente. Isto trouxe fome espiritual que levou os africanos a buscarem a Deus. Hoje o continente africano tem mais de 50% de cristãos. Mesmo assim, o norte da África e a região do Sahel ainda são dominadas pelo islamismo. Oremos e invistamos nestas regiões que ainda precisam ser alcançadas e conhecerem o amor de Jesus.

ANOS 70 – A DÉCADA LATINO AMERICANA – Esta parte do continente americano, dominado pelo catolicismo durante 500 anos, experimentou uma explosão evangelistíca de proporções fantásticas. Em 1900 havia somente 250 mil crentes, porém no final do século passado já havia mais de 60 milhões de evangélicos. Hoje em dia somente o Brasil tem mais crentes do que toda a Europa e leste europeu juntos. A cada dia temos cerca de 7.500 novas conversões em nosso país. Mesmo assim ainda precisamos romper o preconceito racial e evangelizar as centenas de tribos indígenas não alcançadas de nosso continente.

ANOS 80 – A DÉCADA DO LESTE ASIÁTICO - A Igreja começou a crescer de maneira fenomenal na China, onde se pensava que o domínio do comunismo fizera com que ela tivesse desaparecido. Afinal, os missionários foram expulsos e o regime comunista passou a perseguir os cristãos de forma diabólica. Essa perseguição, do mesmo modo que ocorreu na igreja primitiva, serviu para formar um cristão evangelista a qualquer preço. Isso quer dizer que se trata de um novo calibre de evangelista, que propaga a fé com o próprio sangue. Você pode ler alguns destes testemunhos extraordinários no livro “Lírios Entre Espinhos”, publicado pela Missão Horizontes. Nos últimos 50 anos a igreja subterrânea chinesa passou de um milhão para mais de 80 milhões.

Apesar de ser na Ásia onde se encontra o maior número de pessoas e povos não alcançados do mundo existem algumas exceções. Por exemplo, a Igreja de Cingapura (um país de quatro milhões de habitantes) é a que tem a maior visão missionária do mundo: um missionário para cada mil crentes. Enquanto isso, a Igreja brasileira tem um para cada 100 mil dentro da Janela 10/40. Há 110 anos a Coréia do Sul não tinha sequer um cristão conhecido; hoje, Seul tem sete das dez maiores igrejas do mundo. E lembre-se que aquele é um país predominantemente budista. Oremos e invistamos no continente asiático.

ANOS 90 – O ANTIGO BLOCO SOVIÉTICO – Durante décadas os cristãos sofreram uma perseguição ferrenha naquela região. Mas, pela vontade de Deus, num determinado momento ocorreu a queda do muro de Berlim. Como uma “reação em cadeia” todo o império soviético – a antiga URSS – desmoronou. Isso levou a um crescimento vertiginoso das atividades avangelistícas, apesar da Igreja Ortodoxa Russa procurar limitar esse trabalho. E ao mesmo tempo houve um investimento maciço dos muçulmanos para conquistarem o leste europeu.

UM NOVO MILÊNIO (E SUAS PRIMEIRAS DUAS DÉCADAS)

ANOS 10 – O ORIENTE MÉDIO E TRADUÇÃO DA BÍBLIA – nos anos noventa vimos o Movimento AD dar destaque a uma região do mundo chamada Janela 10-40 e como resultado vimos a igreja no mundo orando pelos povos não alcançados. A Missão Portas Abertas deu um destaque especial para oração por esses povos e também nasceu a Visão 2025 que uniu as organizações que visam à tradução da Palavra de Deus e ver um tradutor bíblico em cada língua que nada tem do livro sagrado até o ano 2025. Como resultado do movimento de oração nunca em toda história se viu tantas conversões a Jesus de muçulmanos como nestes últimos 35 anos. Temos visto muitos muçulmanos tendo sonhos e visões com Jesus e isto está registrado em vários documentários Muito Mais do que Sonhos.

Um exemplo extraordinário e encorajdor

Neste março estivemos na Finlandia numa reunião de “Business as Mission” com diversos líderes de várias partes do mundo, como também com os líderes da TV Al Hayat que nos informaram que 40 milhões de árabes assistam os programas mensalmente e que 10.000 manifestar por e-mail e fone que tomaram a decisão de seguir Jesus. Temos vários testemunhos gravados que nos encorajam muito e que devemos postar no Facebook. Não foi mencionado sobre a língua Farsi e turca.

Quantos realmente estão se convertendo a Jesus e que não escrevem e tampouco telefonam?

Um exemplo nos enviado é de uma das atendentes dos telefonemas, irmã Sara, que recebeu uma chamada de um Sheik da Arábia Saudita, onde a mudança de religião é o fuzilamento, que queria tomar uma decisão pública de aceitação de Jesus como único e suficiente Salvador. Ao colocar o viva voz ele disse que estava com 26 companheiros na sala e que estes também estavam ali para tomar a mesma decisão. Louvado seja o Senhor! Glorificado seja Jesus o Reis das Nações.

Somente a eternidade revelará os frutos de todo o trabalho realizado pela igreja no mundo muçulmano ou então teremos conhecimento mais detalhado de outros casos, isto quando houver a tão sonhada abertura entre esses povos.

O QUE ESPERAR DESTA SEGUNDA DÉCADA ?

Ao fazermos uma retrospectiva histórica nos lembraremos de que nos inícios dos anos 80 orávamos pela queda do comunismo, pois o que assustava o mundo era o império soviético e vimos a queda do muro de Berlim e houve uma reação em cadeia e que veio afetar a abertura até na Albânia que era o único país ateu do mundo. Uma jovem descendente de libaneses, Nájua Dib, aceitou o desafio de ir para o país e compartilhou com um pastor louco, Edison Queirós, que acreditou na visão e investiu na vida dela. O resultado do apoio deu condições para ela ir a Inglaterra para aprender a língua inglesa, num período de dois anos e então foi para antiga Iugoslávia para aprender o albanês. Após a conclusão do curso de quatro anos na Universidade o sistema ateu da Albania caiu e ela, preparada, entrou no país e pode ter programa na TV, ajudar os do Kosovo, onde estudou, e como teve um ministério extraordinário de ajuda ao povo chegou a sair nas revistas Veja e Isto É. O que esta lição ensina para nós?

Aquele evento nos faz ter fé para ver o que num período curto de tempo o que está registrado em Apocalipse 7:9-10 onde mostra que uma grande multidão de toda, tribo, língua, povo e nação vão estar diante do trono do Cordeiro.

O que os eventos atuais nos mostram?

Algo inimaginável está ocorrendo nos países muçulmanos do Norte da África e Oriente Médio que tem surpreendido a todos. Tudo começou com a autoimolação de um jovem tunisiano, Mohammed Bouazi, desempregado e com formação na engenharia da computação teve a sua banca de frutas destruída. Com a banca que lhe rendia R$ 130,00 mensais ele sustentava sua mãe e irmã, pois aos três anos havia perdido o seu pai. Esta revolta estava engasgada no coração da maioria de cada cidadão que vivia sobre um governo ditatorial, corrupto e explorador e isto levou o povo a se revoltar e isto causou uma reação em cadeia, pois chegou ao Egito, Irã, Marrocos, Iêmen, Bahrein, Mauritânia, Líbia e tantos outros.

Isto é um prenúncio de uma grande abertura para a mensagem de Cristo no mundo muçulmano e devemos estar preparados para levar as boas novas a estes que estão esquecidos e negligenciados pela igreja cristã no mundo.

O que vemos demonstra claramente que o Islã rachou e nossa esperança é que isso também venha acontecer em países como a Coréia do Norte, Mianmar, Butão e outros...

*David Botelhoé missionário e diretor da Missões Horizontes Brasil

contato@mhorizontes.org.br

Fone 35 3438 1546



terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Indiferença! (Lucas 7:36-50)





Francisco Ferreira (com a esposa Daniela)*


Há um mal que tanto tem nos abatido em nossos dias, ao ponto de às vezes não prestarmos atenção e passa despercebido em nossas vidas. Esse mal é a indiferença. Saber dar valor a tudo é um dos dons mais raros e preciosos do mundo.

E vivendo em uma comunidade de discípulos, onde aprendemos a expressar com palavras e gestos o valor dos outros, precisamos entender que cada um de nós carrega uma etiqueta escrita assim: “Feito a imagem e semelhança de Deus.”

Jesus sempre trabalhou positivamente na vida de seus discípulos, mostrando através de palavras e atos de amor a importância de tirar de nossas vidas toda a indiferença. Gostaria de destacar dois pontos sobre a indiferença e como Jesus tratou-a na vida do fariseu Simão:

1. A indiferença nos impede de demonstrar amor

Podemos entender melhor este fato numa passagem no texto de Lucas 7 onde o autor faz questão de dizer que Jesus havia sido convidado, e sendo assim receberia tratamento especial.

a. Sendo recepcionado à porta com um cumprimento habitual por meio de um beijo (ósculo), não como um sinal de afeto, mas como um gesto educado para saudar a chegada do convidado.

b. Lavar os pés era uma obrigação antes das refeições. E sendo o convidado alguém importante, o próprio anfitrião se encarregava da limpeza.

c. A oferta de óleo era um gesto de gentileza e bondade ao visitante.

Nesta história Jesus chega a casa de Simão e não recebe nada. Lucas faz questão de dizer que Jesus foi convidado! (diferentemente da passagem com Zaqueu - Ali Jesus se convidou). Apesar disso ele não recebe nenhum tratamento especial na casa de Simão, nem ósculo na chegada, nem água para lavar os pés e nem óleo para ungir a cabeça (toda esta recepção fazia parte do costume judeu de receber um convidado).

Apesar de toda indiferença de Simão, Lucas passa a narrar a delicadeza e cuidado de alguém que reconhecia o verdadeiro valor de Jesus em sua vida: uma mulher pecadora. Ela se ajoelha diante de Jesus e beija-lhe os pés num gesto de amor como se estivesse cumprimentado-o, e passa a lavar seus pés com suas lágrimas num gesto de gratidão por todo o seu passado e sem toalha passa a enxugá-lo com seus cabelos. E os unge com fino alabastro.

Toda esta indiferença de Simão me faz refletir em algo para minha vida: como tenho agido diante do convite diário que faço a Jesus? Às vezes oramos e até com coração contrito, pedimos: Senhor entra na minha casa, na minha vida, nos meus sonhos e projetos... Mas como temos recebido Jesus? Indiferentes?

2. Um gesto de amor quebra toda a indiferença

Este texto passa a falar de uma pessoa que não fora convidada para o jantar, mas estava ali e, ao observar toda indiferença de Simão por Jesus, se surpreende com a reação de Jesus (Jesus aceita toda a humilhação sem protestar). Diferentemente de Simão esta mulher não pode cumprimentar Jesus com um beijo. Seria uma insolência. Mas nada impede que ela possa beijar seus pés e lavá-los com suas lágrimas. Essa mulher quebra todos os protocolos. Sem uma toalha para enxugar os pés do Senhor, solta seus cabelos e enxuga os pés de Jesus e unge-o com um frasco de fino perfume.

Prostrada diante de Jesus ela se esquece de quem é e se derrama perante o Senhor em adoração e gratidão, sem se envergonhar do que os outros estão pensando. Mas Simão se considerava um homem de poucos pecados. E por isso não conseguia entender o valor da graça. Ele se considerava um pequeno devedor diante daquela grande pecadora. E se esquece do pecado:

· De lábios que não beijam.

· De joelhos que não se dobram.

· De olhos que não choram.

· De mãos que não servem.

· Do perfume que não sai do frasco, que não sai do saleiro.

Pecado de um coração que não se arrepende, de uma vida que não muda, de uma alma que não ama. Simão, vendo toda esta cena, fica indiferente, Lucas não nos fala porque Simão trata Jesus com tanta indiferença. Talvez Simão desejasse realmente receber Jesus em sua casa, mas havia muita gente ali e o que iriam pensar dele! Às vezes também temos tratado Jesus com toda esta indiferença sem percebemos, ao estarmos entre amigos, ou diante da TV, ou computador, ou até mesmo no ambiente familiar. Em qualquer uma destas circunstâncias, nos distanciamos de Jesus.

E ainda em seu coração Simão não concorda com a atitude de Jesus. Por isso Jesus começa a falar com Simão, (num dos diálogos mais lindo e importante da Bíblia) mas olhando para a mulher.

Que tremendo este fato. Jesus está mostrando para Simão: Olha meu filho, olhe para esta mulher pecadora eu vim para estas pessoas e quero que você veja também:

“Vê esta mulher?” Simão não a vê. Simão não vê o que Jesus está vendo.

“Você não me deu água para lavar os pés.” (Jesus fala com humildade e moderação) “Ela, porém, molhou os meus pés com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos. A mulher transformou um ato de cortesia em uma expressão de amor.

“Você não me saudou com um beijo. (um ato de amor foi omitido). Mas esta mulher não parou de beijar meus pés.”

“Você não ungiu a minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume nos meus pés.”

Ao ver o filme sobre madre Teresa de Calcutá me chama a atenção a cena em que ela instrui uma jovem de sua comunidade, que foi nascida em uma família abastada, a cuidar dos pobres. Ela diz assim: “Ao vermos alguém nas ruas sofrendo de várias enfermidades, devemos tocá-lo gentilmente com muito amor e delicadeza, porque Jesus está presente ali” (Lembre-se da plaquinha: produto feito a imagem e semelhança do criador).

Fazemos muitos planos e propósitos para nossas vidas, mas deixa eu te dizer algo, às vezes complicamos nossa fé e vida de muitas maneiras, mas no fundo, nosso propósito é simples: Fomos chamados para amar e testemunhar de Cristo!

Minha oração é que possamos alcançar a sabedoria de desfrutar da simplicidade da vida e de doar-se às pessoas ao nosso redor, como o bom perfume de Cristo!

No amor do Pai

Chico.


Francisco Ferreira é pastor em Campinas, SP

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O que Deus requer de nós?

Ademir Ifanger, compartilhando a Palavra

Vou repartir aqui o que depreendi de uma palavra dada nesta primeira semana de fevereiro, por Ademir Ifanger, pastor em Valinhos.
A palavra tem base no seguinte texto:

Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor teu Deus pede de ti, senão que temas o Senhor teu Deus, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma?” (Dt 10:12).

Ademir ensinou como este texto bíblico e outros relacionados demonstram que a fé se revela através de nossa atitude para com Deus e sua palavra.

Afinal, disse ele, o que Deus requer de nós senão quatro atitudes fundamentais, o temor, a obediência, o amor e o serviço?

Ademir abordou três coisas sobre as quais ele tem orado nestes dias e que estão ligadas ao temor, à obediência, ao amor e ao serviço: chamado, espiritualidade e existência.

"Tenho orado no sentido de que a minha espiritualidade corresponda ao meu chamado. A espiritualidade, como expressão do conteúdo de minha fé, se revela no temor, obediência, amor e serviço a Deus. Ou seja, todos estes itens devem corresponder ao meu e ao nosso chamado. Se minha vida não está em correspondência com a natureza do meu chamado, estou em pecado, isto é, estou errando o alvo".

Ademir Ifanger explica que no serviço fica implícito que nossa relação com Deus tem correspondência com nosso próximo. Não podemos servir a Deus a quem não vimos e passar de largo diante de necessitados espirituais e materiais.

Ao pensar sobre a existência, Ademir conta que tem se perguntado sobre como fazer com que ela tenha correspondência com sua espiritualidade e chamado. "É fato que a espiritualidade se expressa na existência (é nas prioridades de nossas ações que revelamos o grau de nossa espiritualidade). Entendo que a espiritualidade verdadeira se expressa quando não transijo e mantenho o foco em meu Deus, no seu Reino e na sua vontade".

Ele continua dizendo que o verso dois do Salmo dezesseis mostra o autor dizendo: “Senhor, tu és o meu único bem”. Ao meditar neste texto tenho me perguntado: “Posso realmente dizer isto, que apenas o Senhor é meu único bem?”.

E lembra que o verso três do mesmo Salmo diz: “Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer”. É nestes santos que me realizo social e existencialmente falando? Tenho sondado meu coração neste sentido, pergunta-se e continua:

- o que Jesus diz em Lucas 8:21: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam”. Ali, Jesus está dizendo que o Pai era o seu único bem. De nossa parte, temos que colocar Cristo e a Igreja e sua missão onde o temor, a obediência, o amor e o serviço se expressam.

Mas afinal, como se expressam o temor, a obediência, o amor e o serviço? Ademir Ifanger explica a expressão destes quatro pontos nos parágrafos a seguir:

O temor se expressa pelo respeito. Respeito a Deus por sua santidade e pureza, respeito por Sua Palavra e respeito para com os chamados por Deus.

O verso dezoito do Salmo 33 traz uma promessa aos que temem a Deus: “Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia”.

Os versos 8 a 10 do Salmo 40 mostram que nossa verdadeira alegria está na obediência, em cumprir nossa vocação e chamado.

No verso sete do Salmo 103 está escrito que Deus manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel. Isto nos ensina que há caminhos do Senhor que são trilhados na Terra. Há uma referência dos caminhos do Senhor, os seus santos. Os milagres e ações portentosas de Deus têm por objetivo mostrar os caminhos de Deus.

O amor tem sua expressão no texto de Jo 13:34-35, que mostra sua reciprocidade como marca registrada dos discípulos. Aqueles discípulos na época de Jesus eram judeus e sabiam de cor a respeito do amor, mas precisavam ser renovados nele. Assim estamos nós hoje: sabemos sobre o amor, mas precisamos de algo novo nesse sentido, que realmente leve o mundo a nos reconhecer como verdadeiros discípulos . E ao final, seremos os próprios beneficiados disto porque Jesus quer que nos amemos para que o amor dele esteja em nós e nossa alegria seja completa, conforme lemos em João 15.

Por fim o serviço se caracteriza por alguém disponível, mas paradoxalmente, que tem dono, porque é um servo, é um escravo. O status de um servo, o seu valor, é o que ele faz. Ele é reconhecido por sua obediência, por sua prontidão em servir.


Deus, por quê é mais importante obedecer do que sacrificar?


Entre as muitas formas maravilhosas de Deus agir e demonstrar seu amor, sabedoria, graça e poder uma que me cativa é a de falar conosco em nosso ambiente particular e levando em conta particularidades e peculiaridades. Com alguns Deus fala de uma forma, com outros, de outra, e sempre tremendamente.

Comigo percebo que Deus fala usando não raramente duas situações além das tradicionais de leitura, meditação, oração, essas coisas por assim dizer mais previsíveis. Ele fala durante o banho, quando me surgem geralmente idéias, ou respondendo a perguntas que lhe faço. E, neste caso, quase sempre também me fazendo perguntas que me levam a conclusões reveladoras, as quais creio que são de Deus porque me surgem muito vivas no coração.

Recentemente, por exemplo, o Ronaldo Morais, um pastor amigo, de nosso presbitério em Valinhos, pessoa bacana, exceto o fato de ser palmeirense crônico, citava o texto de que para Deus é mais importante obedecer do que sacrificar, enfatizando a obediência (I Sm 15:22 remete à história de Saul que sacrificou antes da ordem de Samuel e Mc 12:33 aborda o fato de que amar a Deus de todo o coração é maior que qualquer sacrifício). E eu perguntei a Deus no meu íntimo:

- Queria entender um pouco mais por quê é mais importante obedecer do que sacrificar?

A resposta que tive e a conclusão a que cheguei, transcrevo aqui:

Entendi que o sacrifício do Antigo Testamento era feito a Deus em cheiro suave de pequenos animais no altar, como ovelhas, tipificando a morte de Cristo. Já o sacrifício do Novo Testamento é caracterizado pelo próprio Cristo no altar. E como Cristo devemos ser: em vez de sacrificar coisas alheias no altar, que não nos custam tanto, sacrificamos a nós mesmos. Por isso é mais importante obedecer do que sacrificar, porque para sacrificar alguma coisa não há tanta renúncia, no máximo perderemos uma ovelha ou uma pomba. Podemos sacrificar, por exemplo, um jogo de TV do time que gostamos e oferecer aquele tempo do futebol em favor de alguém ou do próprio Deus. Isto exige renúncia, é um sacrifício, é verdade, mas ele é pouco quando comparado ao coração totalmente rendido a Deus (obediente), que sacrifica a si no altar. Ao sacrificar-se esta pessoa está obedecendo por completo, sacrificando a si mesma, por inteiro, e não apenas alguma coisa sua ou que lhe agrade.

O sacrifício religioso pode ter aparência espiritual e até ser espiritual em certo momento, com renúncia de algo incluída, mas tem data para acabar e não passa disso. O sacrifício por obediência envolve a renúncia completa, sem data para terminar porque ali todo meu ser (tudo o que sou, o que tenho, o que sinto, enfim) está no altar. É por isto também que é mais importante obedecer do que sacrificar.

(Luiz Montanini)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O CRISTIANISMO NÃO FALHOU: AINDA NÃO FOI TENTADO

Por Pedro Arruda

Um dos maiores erros da igreja, embora pouco admitido, porque os homens convivem muito bem com ele, é a divisão ou a falta de unidade. Já assistimos muitas vezes a cristãos morrerem por causa das mais diversas doutrinas. Em muitos casos, essa defesa da doutrina atropelou a unidade. Considerar a unidade significa perda, pois implica aceitar aquilo que não está dentro de nós e, consequentemente, qualquer concessão a ser feita resultará numa redução da liberdade própria. Infelizmente a história da igreja tem sido também a história da divisão.

Esta situação intenta diretamente contra a oração de Jesus, registrada em Jo 17.21: “Para que todos sejam um, como eu e tu, ó Pai, somos um, para que o mundo creia”. Se dar realidade à oração feita de acordo com a vontade de Deus é uma ação do Espírito Santo, podemos concluir que impedir a sua concretização é uma ação de Satanás, conforme o observamos em Dn 10. Assim, cada vez que agimos impedindo que a unidade dos cristãos pedida por Jesus se realize, estamos a serviço de Satanás. Isto é forte, mas é verdade. Quando Pedro foi repreendido por Jesus, ao tentar demovê-lo da intenção de morrer na cruz, ficou claro que ele estava cogitando das coisas dos homens a serviço de Satanás. Esta situação pode ser um bom exemplo do que atrapalha a unidade: são intenções humanas – às vezes boas –, porém a serviço de Satanás. Creio que Pedro não tinha consciência desta gravidade, como também não tem a maioria dos cristãos. Mesmo quem admite falhar com a unidade, pensa tratar-se de uma deficiência humana, apenas uma carnalidade sem grande importância.

Paul E. Billheimer, em seu livro “O Amor Cobre Tudo”, expõe que nada adianta acertar na doutrina e errar no espírito. A inerrância bíblica não é mais importante que o espírito correto. Ainda mais, diz ele, o pecado contra a unidade é o mais nefasto de todos para a Igreja.

Jesus não é polígamo

Unidade não é um ecumenismo, entendido como resultado duma convenção política entre as instituições, baseado no que um pode fazer pelo outro, mas sim, como se referiu Dietrich Bonhoeffer, “no que Cristo fez por ambos”. Para usar a expressão de Watchman Nee, o “cristianismo organizado” tornou-se uma máquina de produzir divisão em série, numa velocidade cada vez maior. Parece que cada denominação traz em si o gene da divisão, transmitido de geração em geração. O mundo cristão, a princípio dividido apenas entre romanos e orientais, depois se separou entre católicos e protestantes, pentecostais e conservadores, carismáticos e tradicionais, e assim por diante. Se há algo bom nisso, é o fato de que quanto mais proliferam as denominações, mais elas perdem a importância – bebem do próprio veneno.

Não podemos nos conformar em estar impossibilitados de fazer algo, como se isso fosse um destino inexorável, e a oração de Jesus ficasse sem resposta, ou adiada para se cumprir somente após a morte do último cristão. Ora, o fato é que Jesus tem apenas um corpo, irá ter apenas uma noiva e apenas uma esposa. Jesus não é polígamo, muito embora seja esse conceito que se propague quando cada igreja prepara apenas a sua noiva particular.

Precisamos reconhecer o erro e admiti-lo. Não encobri-lo com explicações, por mais teológicas que sejam, aprendendo com a história para não repetir os caminhos errados. Estas coisas precisam ser iniciativas do coração de cada um.

Se a vontade de Deus não é desejada, não há unidade

Uma das razões que desencadeou o processo de sucessivas divisões foi a mudança de foco do cristianismo. A princípio, a Igreja apenas reunia aqueles que tinham em comum o serviço ao senhor Jesus Cristo. O importante era o reino de Deus; a salvação e outros benefícios eram consequências desse engajamento. Com o passar do tempo, especialmente depois de cessadas as perseguições, a relação entre custo e benefício alterou-se drasticamente em favor dos benefícios, especialmente os materiais. Nos dias atuais, as pessoas são motivadas a participarem das igrejas pelos benefícios pessoais que podem obter; primeiramente os materiais, seguidos dos espirituais, e, somente depois é que se consideram as coisas que dizem respeito à vontade de Deus, interesse que certamente poucos entendem e ao qual dão mínima atenção.

Portanto é necessário restabelecer que a igreja existe para atender aos propósitos de Deus. Os benefícios obtidos por servir a Ele, inclusive a salvação, são consequências. Se isso é verdade, é incorreta a atitude de procurar a melhor igreja, à qual eu melhor me adapto, pois com isso estou buscando aquilo que é melhor para mim, o meu conforto, e não preocupado com o reino de Deus. Mudar de igreja pode ser uma atitude que depõe contra a unidade, pois ao rejeitar uma em favor de outra, estou contribuindo para a ideia de que há algumas melhores que outras e que elas são concorrentes e independentes, isto é, não fazem parte de um mesmo organismo. Nestes casos, o correto seria ficar onde estou e lutar para suprir aquilo que julgo ser deficiente e não buscar aquele ambiente que não precisa desta colaboração.

Deus, ao criar o homem, não fez da unidade um acessório, mas uma questão principal. O plano de Deus permite que os homens desfrutem da unidade com seu Criador e entre si, daí Deus não ter criado dois seres nem mesmo dois corpos, mas um só. “Se andarmos na luz como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1.7). O pecado age diretamente contra essa unidade, e fora da unidade com Deus não há vida, mas morte. Lúcifer se separou de Deus, o homem também fez o mesmo, estando sob condenação mortal.

O preço da Unidade

Deus insiste na restauração dessa unidade, em dar vida novamente ao homem. Lutar pela unidade causa sofrimento, do qual o próprio Deus não se poupou. Quão difícil foi para Jesus aprender humanamente a obediência pelo sofrimento e, por meio dele, se aperfeiçoar, para aperfeiçoar a outros. Jesus experimentou os sofrimentos físicos que culminaram na sua morte de cruz, sem um momento sequer desobedecer ao Pai. Sofreu ainda as consequências de nossa morte no inferno, tudo por causa de nossos pecados. Também foi muito angustiante ao Pai virar o rosto e abandonar o seu Filho à morte de cruz. Tudo para restituir-nos a unidade. Ele nos deu de graça, tornando-se exemplo para seguirmos em favor da manutenção da nossa comunhão com aqueles pelos quais pagou este alto preço. A unidade entre os filhos alegra Deus, pois torna compensador o sacrifício do seu Primogênito.

Foi nesse mesmo espírito que Moisés agiu ao deixar o palácio real e preferir viver como o hebreu que de fato era. Daniel assim também procedeu, pois, apesar de manter uma vida íntegra diante de Deus, expressou-se em oração como um pecador responsável pela deportação de seu povo. Esdras também se sentiu como um dos culpados pelos pecados que fizeram abater a tragédia sobre os judeus. Muitos outros exemplos ainda há de pessoas que se fizeram como erradas em seu coração para se habilitarem a estar entre os culpados e Deus. O contraexemplo foi apresentado pelos escribas e fariseus, quando Jesus expôs a arrogância deles ao se excluírem do povo. Acusavam os pais de terem assassinado os profetas, fazendo-se melhores e afirmando que não procederiam da mesma forma, ao mesmo tempo em que estavam dispostos a fazerem pior com o Filho de Deus. Hipocritamente atualizavam o pecado dos pais e, ao invés de buscar misericórdia de Deus, apresentavam-se como bons (Mt 23.29).

Certa ocasião, Moisés recebeu uma denúncia de que havia pessoas profetizando no arraial, sem conhecimento dele. Semelhantemente, os zelosos discípulos de Jesus também se adiantaram a proibir a expulsão de demônios por pessoas que não os acompanhavam. Os discípulos de João Batista também se sentiram extorquidos quando souberam dos batismos feitos pelos discípulos de Jesus. As atitudes de Moisés e de João Batista foram iguais à de Jesus, pois estavam sendo conduzidos pelo espírito de unidade. O ciúme é um dos grandes males causadores de divisão, porque age no coração das pessoas. Ele faz oposição ao amor e está presente nos denunciantes bem-intencionados em defender o líder e o grupo ao qual pertencem, embora, nos casos bíblicos mencionados, não tenha havido correspondência por parte dos líderes – que responderam com base no amor. Infelizmente, esta visão menor impregnou, nos dias de hoje, de tal forma a igreja que nem mesmo os líderes conseguem ter a atitude de Moisés, João Batista ou de Jesus.

Em Efésios 4, vemos que preservando a unidade do Espírito que nos foi dada, devemos prosseguir em busca da unidade da fé. Temos, entretanto, assistido a uma caminhada em que os homens estão destruindo a unidade do Espírito, admitindo mais de um Senhor, mais de uma fé, mais de um batismo, mais de um corpo...

Publicado originalmente no livro “Mãe de muitos filhos”, de Maurício Bronzatto, Edições Incenso.