sábado, 19 de dezembro de 2009

PASTOR TAMBÉM É OVELHA!



Encontro de Ministérios Translocais aborda o tema pastoreamento de pastores


Luiz Montanini, de Guarapari, ES


Há hoje, na igreja, uma imensa população de ovelhas sem pastores. Também há, e isto é tão ou mais grave na lista das carências atuais do Reino, um contingente de pastores necessitado de pastoreamento. Suprir esta demanda, encarando-a como prioritária, é requisito para a saúde individual e do rebanho. Ter consciência de que há um só rebanho e um só Pastor e que sua autoridade, portanto, é apenas delegada, como a uma ovelha-guia, são o desafio e a urgência do corpo de Cristo.

Para discutir este tema, tentar entender o que Deus pensa disto, admitir os fracassos e testemunhar dos sucessos nesta área, cerca de 750 pastores e líderes dos quatro cantos do País participaram do II Encontro de Ministérios Translocais, com o tema Pastores sendo pastoreados, de 31 de outubro a 2 de novembro, em Guarapari, ES. Incluindo alguns do exterior, pessoas de cerca de 70 cidades de vários estados estiveram no Centro de Convenções do Sesc.

A palavra inicial do encontro coube a Jamê Nobre, de Jundiaí, SP. Jamê baseou sua palestra a partir da constatação de que há multidões de líderes sem nenhum cuidado na igreja. “Um dos problemas é que, nós, pastores, esquecemos que somos discípulos. É o que chamo de complexo de Cristo, uma vez que, inconscientemente, pensamos: sem mim nada podeis fazer”. O sucesso dos ministérios tornou-se laço aos pastores, e dos sérios, acredita Jamê. Esquecem-se que são pó e fogem quando o assunto é o seu pastoreamento. “Quem está na crista não quer ser pastoreado”, observa o pregador.

Por esta ótica, é necessário que venham os fracassos. “Benditos os fracassos que nos levam a depender um do outro”, observa Jamê, afinal só os fracassados querem ser pastoreados e tocados.

Nestes 40 anos de jornadas pelo Brasil e exterior, entre pouca e muita gente, Jamê tem identificado pelo menos duas condições para que as pessoas recebam pastoreamento adequado. A primeira é ser ovelha. Ele lembra que Davi se mostrava ovelha quando dizia que o Senhor era seu pastor. Davi não apregoava que tinha tudo, mas sim que não sentia falta de nada. “No momento em que esquecemos que somos ovelhas abrimos mão do pastoreamento”.

Decidir não andar sozinho é uma salvaguarda, lembra: “Quem anda sozinho anda em péssima companhia. Portanto, se você tem certeza, não faça. Antes, consulte. Porque o coração do homem é corrupto e enganoso. Você contrataria um homem corrupto? Então não contrate a si mesmo”.

Jamê observa que um homem precisa amar ao Senhor sobre tudo para pastorear o rebanho de Deus, uma vez que é por causa dele que pastoreia. “Quando a gente ama o Pai, ama o que ele ama”.

Ele cita tipos de pastores, dos quais alguns se destacam, para o mal ou para o bem: pastores degenerados, que perdem a essência de Deus mas continuam pregando. “Estes esquecem que ministério não é realização pessoal, tampouco carreira de reconhecimento ou fonte de lucro”; pastores mercenários, que são contratados a soldo, pelo salário. “Curam, trabalham, mas seus corações não estão nas ovelhas, e ao menor sinal de aproximação do lobo, fogem, abandonando as ovelhas; ora, pastoreamento real fala de toque pessoal, de conhecer as ovelhas pelo nome e estes não as conhecem”; há, ainda, os pastores abandonados, pastores solitários e os pastores feridos, que produzem rebanhos dispersos. Mas, felizmente, ainda que em número reduzido, mas que crescerá nestes últimos tempos, há os pastores pastoreados e cuidados.

(A íntegra da palavra de Jamê Nobre pode ser ouvida através do site www.servindocomapalavra.com.br, seção vídeo e áudio).



Vinci do Rego e Jamê Nobre


“Não procuro um homem, mas um corpo”


O irmão Jan Gottfridsson, pastor juntamente com uma equipe em Porto Alegre, RS, abordou o tema ‘Pastores segundo o coração de Deus’. Ele fez alguns alertas, entre os quais o de que precisamos ficar atentos para que as ovelhas não dividam os pastores. “Às vezes no cuidado das ovelhas surgem os partidarismos e ficamos tão dedicados às ovelhas que acabamos por ter problemas com nossos colegas”.

Durante o encontro em Guarapari, o irmão Jan Gottfridsson, trouxe a seguinte profecia, que revela o propósito eterno do coração de Deus de manifestar sua glória por meio da igreja, o corpo de seu filho e cabeça, Jesus:

“Eu não procuro um homem, porque este homem eu já encontrei, é Jesus. Não quero manifestar a minha glória por um homem especial, porque este homem especial é meu filho. Mas eu procuro um corpo. Quero que seus olhos, iluminados, vejam como eu vejo, tanto as ovelhas de dentro quanto as de fora. Quero tuas mãos saradas para impor as mãos e transmitir a minha glória, teus pés livres para andar por todo o Brasil e o mundo revelando a minha glória”.

Vince do Rego, de Vitória, ES, fez duas perguntas que levaram à reflexão: “Estamos sendo verdadeiramente pastoreados? E nossas esposas, estão? Tudo deve ser ordenado primeiro dentro de mim para que eu possa ordenar outras coisas”, respondeu.


Comunhão e esperança de ser gloriosa estão voltando à igreja



Há duas ações importantes de Deus hoje: a primeira é que ele devolveu à igreja a esperança de ser gloriosa. A outra é o crescimento da comunhão entre os irmãos, onde o individualismo foi quebrado. Esta constatação partiu, no encontro em Guarapari, de Jorge Himitian, da Argentina, uma das vozes em favor da restauração da igreja mais reconhecidas no Brasil e no exterior.

Ele exaltou os benefício da comunhão: “Que bom ter irmãos com quem confessar tentações – para evitar de confessar pecados depois”, disse. “Como é bom ser discipulados, para discipular; estar sob autoridade para ser autoridade; ser pastoreados para pastorear”.

Himitian destacou ainda as bênçãos dos ministérios plurais: “Há um só que é singular: Jesus; fora dele, há pluralidade: são doze apóstolos e o número mínimo de pluralidade é dois, como quando Barnabé e Saulo foram ajuntados pelo Espírito Santo para uma obra específica. Sempre plurais”.


Palavra cobertura está estereotipada


A palavra cobertura (como de chocolate) está estereotipada, lembrou Jorge Himitian, para desgosto de alguns presentes. “Não é um termo bíblico. A palavra bíblica ideal, magistral, para descrever a unidade da igreja e sua unidade orgânica e funcional é corpo. A igreja é o corpo, o corpo de Cristo. A palavra corpo expressa a unidade da igreja, porque o corpo é um e Cristo é um. Um organismo vivo, e todo um sistema vivo. O corpo é vida. Caso contrário, seria um cadáver”.

“Estamos caminhando rumo ao corpo. Estamos em uma transição de igreja sub-normal para a normal. É, portanto, um período de transição. Ao contrário da igreja do primeiro século, que nasceu em unidade e experimentou ameaças de divisão, agora estamos saindo da divisão rumo à unidade”. Por este motivo, em especial, é que Himitian entende que atualmente há ainda necessidade de coberturas entre ministérios. Mas é uma necessidade transitória, com data marcada por Deus para terminar, tendo o amor como solução para superar qualquer divisão. “Nosso grande chamado é cooperar com Deus na formação do corpo em cada cidade, estado, país, continente e no mundo todo”.

“Temos que ter visão de para onde estamos progredindo e avançar. Por isto, a proposta não é abandonar a cobertura, mas construir vínculos de relacionamento progressivamente, e assim formar o corpo de Cristo na localidade”.

Himitian lembra que o princípio bíblico de fato é a sujeição recíproca. “A Bíblia não traz a palavra cobertura, mas usa, isto sim, e muitas vezes, a expressão uns aos outros: amar, sujeitar-se, corrigir, sempre uns aos outros. Submeter-se a quem está longe não é difícil. Difícil é sujeitar-se a quem está perto, sujeitar-se ao próximo. Isto sim é lavar os pés uns dos outros”.


Pastoreamento intercontinental e via skype


Jorge Himitian ilustra a dificuldade de algumas pessoas com a sujeição contando que um casal na Finlândia sempre o procurava para abrir seus corações com ele, via skype. No outro lado da linha e do oceano, o casal trazia seus problemas e discussões on line, para que Himitian julgasse suas causas e lhes aconselhasse. “De duas uma”, observou: “Ou o casal tinha uma tão alta impressão de Himitian que não admitia receber conselhos de mais ninguém no mundo a não ser ele ou tinha um tão alto conceito de si próprio que julgava não haver ninguém em sua cidade ou país capaz de lhes pastorear”.

O pregador argentino ainda abordou o aspecto do exagerado cuidado de irmãos quando o assunto é pastorear outras vidas, especialmente se elas não fazem parte de sua lista de ‘cobertura’. “Isto é bobagem. Ele é seu irmão na cidade. Vá a ele. Ele é o seu próximo. É disto que Jesus está falando quando nos manda lavar os pés uns dos outros. Precisamos construir vínculos com este sentimento de Jesus, que é o de ser servidor de nossos irmãos”.

Levando em conta a necessidade atual e transitória da chamada ‘cobertura’, Himitian aconselhou: “Mantenha firme o vínculo com tua cobertura. E você, cobertura, mantenha firme sua responsabilidade de pastorear aqueles que estão sob seus cuidados. Mas saiba que isto é transitório. Não vá segurar com força, facilite a transição, vá soltando gradativamente enquanto o corpo vai se formando, rumo ao estado normal da igreja, o de ser um só corpo em cada cidade”.


Diferença entre paternidade, paternalismo e patriarcado


No entender de Jorge Himitian, há hoje na igreja uma confusão entre as funções e significados das palavras paternidade, paternalismo e patriarcado, e isto atrapalha o desenvolvimento natural da igreja rumo à maturidade.

Paternidade é termo bíblico, ensinou. “Somos pais de nossos filhos espirituais e os filhos realmente precisam de pais para sua formação. Mas quando chegam à maturidade, pretender perpetuar esta paternidade além do que preciso é paternalismo. É como um filho de quarenta anos ser submetido pelo chefe do clã a viver como se tivesse doze. Com isto, em lugar de se desenvolver, o rapaz fica atrofiado. Patriarcado é ainda pior, porque é a estruturação do paternalismo. Acontece quando o pai espiritual não abre mão de ter uma estrutura centralizada. Ainda que ela cresça, será uma pirâmide e ele próprio a sua ponta. Isto inevitavelmente leva ao surgimento ou consolidação de uma denominação”.


“Qualquer irmão pode e deve pastorear ao outro”



Os ministérios apostólicos, por sua vez, são necessários, mas não para pastoreamento, ressalva Jorge Himitian. “Qualquer irmão pode pastorear ao outro. Não há necessidade de um pastor para isto. E qualquer pastor pode pastorear a outro. Não há necessidade de apóstolo para isto. Então qual é a responsabilidade dos ministérios apostólicos senão apenas a de ser canais da revelação, velar sobre a visão, a doutrina, os conteúdos do que tem sido ensinado, desafiar a igreja para expansão, auxiliar outros ministérios translocais, velar sobre a unidade e santidade da igreja e que a igreja cumpra sua missão na terra?”

“Os ministérios apostólicos e proféticos têm a responsabilidade de estar bem conectados com Deus para transmitir a palavra profética para esta hora, para a igreja, para a nação, para os governantes e para o mundo”, continua Jorge Himitian. “Comunicam visão, revelação, direção, graça e fé. Ministram o mundo espiritual à igreja e arma estratégias para a batalha espiritual; animam, fortalecem e empurram os irmãos para cumprir o chamamento da igreja”.

Tudo isto será um caminho gradativo, acredita o pregador argentino. “O futuro não é construir nosso reino pessoal. O futuro não é aquilo conhecido no Brasil como movimento de comunidades. O futuro é o corpo de Cristo. Todo privilégio inclui responsabilidade e somos responsáveis diante de Deus por passar esta revelação a outros irmãos. E ser um fator de unidade entre eles. O futuro — resume — é o cumprimento de João 17: Pai, que todos sejam um, para que o mundo creia. Seremos um!”.


Preletor serve a outros na madrugada e prega com unção dobrada



Uma das palavras de maior unção no encontro em Guarapari foi a de Sérgio Franco, do Rio de Janeiro. Ele falou sobre discipulado prático e todo o auditório foi tocado. Ainda que simples, sua palestra levou muitos às lágrimas. Não foi difícil entender o motivo de tanta unção. É que ele tinha simplesmente servido aos seus irmãos na prática e dentro do próprio evento. Ainda que fosse um dos preletores do encontro (na realidade foi apontado por seus pares para falar depois, porque não havia m ‘preletores’ previamente escolhidos), Franco tinha passado toda a madrugada anterior ao início do encontro transportando dezenas de pessoas que desciam dos ônibus no trevo ou na rodoviária de Guarapari, uma vez que eles tinham perdido seus vôos por causa do mau tempo no estado, que impediu decolagens e aterrissagens de aviões por cinco dias seguidos. As pessoas iam chegando, cada um a seu modo, ajudados por Deus e por seus servos. Um deles foi Sérgio Franco, que amanheceu dirigindo seu carro, transportando irmãos, e só foi descansar quando não havia necessidade de buscar nenhum deles. Eu fui uma das muitas pessoas que foram servidas por Sérgio Franco. E quando ele começou a falar e a presença de Deus desceu naquele lugar, soube na hora e claramente qual era a fonte daquela vida.

Leia agora algumas das frases e um testemunho de Sérgio Franco que tocaram os corações de 750 pastores e líderes em Guarapari:

O melhor de Deus é que ele não é cego de amor. Ele vê, e vê todas as nossas debilidades e falhas, e pecados, e ainda assim, nos ama.

Ninguém pastoreia sem seguir a verdade em amor. Ninguém apascenta encobrindo os erros dos outros. O amor não encobre multidão de pecados, ele cobre multidão de pecados. O amor é explícito, é verdadeiro, caminha junto. É difícil entender amor e verdade. Ele prima pela verdade, não folga com a injustiça. Quando alguém não é corrigido no corpo, eu digo que esta pessoa não é amada. Às vezes dizemos: ‘Não corrigi por que eu a amo. Mas a verdade. é que você se amou, ficou com medo da reação dela, e por isso não a tocou’.

A luz é fundamental para qualquer presbitério. Se não aprendermos a falar a verdade um para o outro, seremos falsos.

O senhor diz que seu relacionamento com teu irmão é mais importante que o teu culto. Tua reconciliação é mais importante do que o ministério, do que o serviço. Depois que você se reconcilia, aí então pode seguir ministrando.

Não temos problema com a mão de dentro do vaso do oleiro, que é a de Deus. Nossa dificuldade é com a mão de fora do vaso. Embora seja do mesmo oleiro, é mais difícil de aceitarmos porque é a mão de Deus que chega por terceiros.

Quando a gente está com o coração quebrado, humilhado de verdade, mas olhando pra Jesus, com um desejo genuíno e profundo de se parecer com ele, fica fácil para Deus trabalhar, porque quando uma pessoa assim percebe que está com alguma coisa fora do lugar, ela se quebranta, já que está determinada a se parecer com Jesus.


Traidora perdoada


Sérgio Franco contou uma história tocante, a de sua própria e jovem filha que se afastou de Deus por um tempo. Na época, toda a sua família foi afetada, incluindo o filho mais novo, que se sentia traído pela irmã. Certo dia Sérgio entrou no quarto do rapaz e conversou com ele, lembrando-lhe que Jesus também fora traído, mas oferecera a face para apanhar ainda mais, foi cuspido e rejeitado, mas se entregou, foi como que esfaqueado pelas costas, mas amou e amou até o fim, foi morto por nós sem merecer, e ainda assim, nos perdoou... portanto, disse ao filho, você pode amar, sofrer e perdoar, porque o Espírito de Jesus está em você.

Naquele instante, contou, o quarto se encheu da presença de Deus e o jovem foi completamente curado do rancor. Alguns meses depois a irmã se arrependeu e voltou-se para Deus. E foi justamente no dia do retorno da jovem, onde ela confessou seu pecado e pediu perdão à igreja que um rapaz da comunidade passou a olhá-la com olhos de afeto e viu nela sua futura esposa. Hoje estão casados e restaurados. São os mistérios de Deus.

Ao contar este testemunho, a presença de Deus também encheu o auditório e a maioria foi à lágrima, tocada pelo amor do Pai.


Passar o bastão e ficar para trás



O encerramento do Encontro de Ministérios Translocais em Guarapari teve um toque profético e tocante quando o chileno Christian Romo chamou à frente pastores homens e depois mulheres acima de 55 anos e pediu que orassem pelos de 40 anos a 54 anos e estes pelos menores de 40 anos, demonstrando a necessidade de se preparar e investir em novas gerações.

“A igreja tem procurado buscar os melhores métodos, mas Deus tem buscado os melhores homens”, disse Christian Romo. “Em quem a gente investe? Em vidas ou em métodos ou programas?”.

— Precisamos deixar os temores e lançar as flechas antes que seja tarde, alertou. “A próxima geração será poderosa em Deus e isto depende de nós. Estamos prontos para passar o bastão e ficar um pouco pra trás?”

Christian fez a seguinte comparação para enfatizar a urgência da sucessão espiritual: “Nas empresas tudo está planejado e estruturado e as pessoas são dispensáveis. Se uma faltar, a outra dá continuidade e o trabalho continua padronizado, sem mudanças. Mas com Deus não é assim. Ele tem um objetivo e enfatiza pessoas, onde cada uma é peculiar. Não há ninguém parecido ou padronizado. Se esta pessoa desiste, ele mantém seu propósito, chegará ao mesmo objetivo final, mas de outra forma do que se fosse com aquela primeira pessoa. O que acontecerá é que a contribuição desta pessoa que desistiu não aparecerá. A nós compete então investir nestes talentos para que cumpram seus propósitos diante de Deus”.



Oração dos homens mais experientes pelos mais novos da segunda e terceira gerações


Oraçao das irmãs pastoras mais experientes (acima, na plataforma), pelas mulheres pastoras da nova geração



OUTRAS IMAGENS DO ENCONTRO


Carlos Sá, BA, e esposa



Luiz Montanini e mulher, Lia, (de amarelo), de Valinhos, SP e Regina (de azul) e o marido Cláudio Abeche, de Maringá, PR


Rubens Mariano, de Piracicaba, SP



Luiz, Osvaldo e Vandy, de Valinhos, SP



Ivo, de Piracicaba, SP



Miriam e José Pereira, de São Paulo