quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Irmão Caminhoneiro - Testemunho do Nilo

Luiz Montanini


Há cerca de um ano, o caminhoneiro Nilo Gomes, 47 anos, tinha chegado literalmente ao fim da rodovia. O financeiro era um dos muitos congestionamentos em sua cansativa jornada. As curvas perigosas e a neblina das serras travavam seu caminho e faziam-no andar a esmo, sem enxergar um palmo adiante do nariz. E naqueles últimos meses as coisas tinham ainda piorado porque o caminhão estava parado, por falta de pneus em condições de tráfego. Ele e a esposa viviam sem esperança, sem a menor perspectiva de vida.
Mas em abril do ano passado, de forma maravilhosa, Cristo entrou em suas vidas e desde então tudo tem sido diferente para o Nilo, para a Tânia e para o filho Matheus.
Histórias como esta têm sido testemunhadas em reuniões domésticas e cultos cristãos. E devem ser apregoadas mesmo, porque por sí só são tremendas. Mas o testemunho do Nilo trouxe um componente adicional, que abençoou a igreja que o recebeu em Valinhos, São Paulo, e espera-se que, publicada, possa abençoar outras tantas – ainda que o preço a pagar por isto seja também literal, isto é, constranja os membros a enfiar a mão no bolso.
Como a maioria dos que chegam às igrejas, Nilo estava quebrado na alma, na vida, e no banco. Sua sina parafraseava a história da samaritana à beira do poço, porque cinco caminhões tivera e o que tinha agora não era dele – estava alienado. Era um caminhoneiro à beira do abismo, no bico da curva...
A chegada de Nilo e Tânia coincidiu com uma palavra sobre socorro que Deus falava no momento à comunidade em Valinhos. A palavra, em resumo, orientava a igreja a não despedir vazias as pessoas e a dar sem esperar troca. Mostrava Jesus mandando os discípulos dar eles mesmos de comer à multidão, e que deixassem com ele o milagre da multiplicação e da salvação.
Como Nilo e Tânia mostraram-se dispostos a caminhar no espaço estreito do discipulado a Cristo e boa parte da igreja local – a começar pela liderança – estava decidida a vivenciar a palavra recebida, os passos passaram a ser dados.
Orçamentos refeitos em favor da família dos outros
Mentoreados, e cobertos por oração, o casal decidiu fazer novas todas as coisas em sua vida; a cada passo de obediência de Nilo e Tânia a igreja dava outro favorável na direção deles e às vezes, para animá-los, antes mesmo da obediência do casal a igreja sinalizava com ações, leia-se dinheiro mesmo. A dívida era alta, próxima dos R$ 100 mil - e ainda está sendo paga -, mas alguns irmãos ofereceram seus poucos peixes e pães em favor deles.
O primeiro passo no projeto baixar dívidas/ampliar estima foi o de arrumar o caminhão, a ferramenta de trabalho do Nilo. Trabalho, ou seja, o frete, ele tinha, garantido por uma empresa de embalagens.
O caminhão precisava de quatro pneus novos. Dois irmãos em Cristo se cotizaram e compraram os pneus, caros. Outros valores, oferecidos por outros irmãos, socorreram necessidades do próprio veículo (alinhamento e balanceamento dos novos pneus, solda de baú furado, etc) e da casa (mantimentos, algum dinheiro extra para gás de cozinha e enegia elétrica, etc).
Para entrar neste trabalho em favor da família do Nilo, alguns irmãos refizeram seus próprios orçamentos e adiaram compras ou benfeitorias para sí próprios ou sua família.
Simultaneamente a isto, novas situações de necessidades foram surgindo em outras famílias – novas ou antigas da comunidade - e os irmãos foram levados a se envolver mais no socorro. Já não bastava enviar as tradicionais cestas básicas mensais. Era necessário exceder a própria justiça. Como o número de membros da igreja é pequeno e os dízimos e ofertas insuficientes, os irmãos tiveram que optar entre refazer o próprio orçamento – e ter a oportunidade de participar do agir de Deus – ou continuar na mesma e velha opinião formada sobre tudo. Felizmente, escolheram a primeira alternativa.
O perfil da igreja mudou
A igreja hoje está mais feliz, o perfil está mudando. E o coração do Nilo e da Tânia foram definitivamente capturados por Deus. Veja o depoimento do Nilo:
– A primeira manifestação do amor de Deus veio através daquelas ações de socorro por parte de pessoas que nem conheciam a gente direito. Só então veio o contato com o próprio Deus. Tivemos um encontro com ele e desde então ele tem sido fiel conosco, produz um milagre após o outro. Nossas vidas estão transformadas, eu fui livre da escravidão da bebida. E o caminhão não quebra, e olha que é um caminhão velho; é como o povo de Israel no deserto, que andava muito e o sapato e as roupas não gastavam. É um sonho... ainda temos dificuldades, claro, mas agora é diferente, porque Deus está agindo para nos livrar de cada uma delas.
Pré-requisito para o avivamento
É edificante ler alguns testemunhos de pessoas que foram despertadas para se envolver em alguns trabalhos para o Reino, sem a preocupação de receber reconhecimento explícito sobre eles.
Ainda mais alentador, creio, é quando uma comunidade praticamente inteira se envolve em determinado projeto.
O episódio da conversão do Nilo e da Tânia e do envolvimentoda igreja em Valinhos em favor deles é sintomático. E faz com que vejamos a nuvem pequena no horizonte, prenunciando abundante chuva. É um pequeno começo, mas quem não sabe que as grandes conquistas bíblicas e da história do cristianismo foram feitas de pequenos começos?
Ninguém ainda vendeu sua casa e trouxe o valor aos pés de seus líderes, mas um novo e vivo caminho parece despontar. A generosidade, o socorro, o desprendimento, enfim, parece ser mesmo um dos pré-requisitos para o avivamento.
Tudo o que tem sido feito em Valinhos é pouco, é verdade, mas já se vê Deus agir nos pequenos começos. A igreja tem oferecido os poucos pães e peixes diante de tanta necessidade, mas tem descoberto simultaneamente o milagre da multiplicação e o princípio de não desprezar os pequenos começos.
A comunidade começa a entender o que significa não despedir vazio, o que significa dar ela mesmo de comer, o que significa exceder em justiça a religião que está aí.
E este é um item do avivamento que certamente não necessita de uma intervenção de Deus, mas sim de obediência a seu mandamento. Ou seja, a necessidade está aí para que coloquemos a mão no bolso e não despeçamos vazias as pessoas.
Creio que nossa obediência ou não a este mandamento é, neste caso, capaz de movimentar o braço de Deus para que ele faça cair a chuva da sua presença, o avivamento de que tantos falamos romanticamente. Chega de romantismo, é hora de mexer nas economias. Vamos, primeiramente, dar nós mesmos de comer. Fazer o milagre subseqüente da multiplicação e do avivamento não é nossa responsabilidade... mas eles virão.

2 comentários:

Geraldo Magela Matias disse...

Lembro-me até hoje quando você e sua esposa abriram as portas de sua casa para minha família. Foi uma bênção. E que o Nilo continue nos braços do Senhor.

Geraldo Magela Matias

Anônimo disse...

Por acaso encontrei seu blog e li sobre o Testemunho do Nilo. Que maravilha!

Eu estava procurando uma matéria do Jornal Hoje e cai diretamente aqui. Propósito de Deus, claro! Que Jesus te abençoe.

Abraços
MArtha Barros